Estória: narrativa de lendas, contos tradicionais de ficção.

História: narração ordenada, escrita dos acontecimentos e actividades humanas ocorridas no passado.

terça-feira, 24 de abril de 2007

A Truta da Rainha

Vítima de uma intriga dos escudeiros de seu marido, Aragúncia, rainha de Aragão, foi injustamente acusada de favorecer com as suas atenções um jovem cavaleiro da corte. O rei de Aragão achou que esta ofensa só seria resgatada com a morte.

Aragúncia decidiu fugir quando teve conhecimento do seu destino fatal e, disfarçando-se de mendiga, saiu do castelo com algumas aias e escudeiros da sua confiança. O rei perseguiu-a e esteve quase a alcançar o pequeno séquito, mas os barqueiros de rio Minho ajudaram a rainha, demorando muito a travessia dos homens do rei. Aragúncia recolheu-se numas escarpas negras que formavam uma pequena fortaleza natural junto ao rio.

O rei decidiu pôr-lhe cerco e fazer a rainha render-se pela fome e pela sede. Mas como quem não deve não teme, a Aragúncia não desesperou e quando teve sede encontrou uma pequena fonte que brotava das rochas. Passados dias, quando a fome começou a apertar apareceu por cima do penhasco uma águia-real levando nas garras uma truta que deixou cair. Embora atormentada pela fome, Aragúncia embrulhou a truta e mandou-a ao rei para que este se saciasse. Convencido que Deus estava com a rainha, o rei de Aragão levantou o cerco de um local que passou a chamar-se Trute, decidindo perdoar-lhe a falta. Aragúncia recusou o perdão por uma falha que não tinha cometido e ficou a viver naquele local austero para sempre.

O lugar ficou a ser conhecido por Castelo de Furna ou Castelo de Faião (Valença), onde existe uma pedaço de terra a que o povo ainda chama de Horta da Rainha. A tradição manda que, nas manhãs de S. João, o povo acorra àquele local para beber da água que matou a sede da rainha e que tem a fama de curar as doenças de pele.

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