Este velho costume da introdução da «Vaca das Cordas» (Ponte de Lima) na véspera da procissão do Corpus Christi, filia-se nos cultos egípcios de Isis, Osíris e Apis, trazidos para a Peninsula pelos fenícios, aceites pelos romanos e suevos e tolerados pelos cristãos (como o Boi Bento e a Serpe de Lerna).
É que no Olimpo, os Deuses também se apaixonavam! Segundo a mitologia, Io, filha do rei Inaco e de Ismene, linda como os amores, foi raptada por Júpiter. Juno, irmã e mulher deste, não esteve pelos ajustes e daí a sua perseguição a Io. Júpiter como qualquer mortal, temendo a mulher, metamorfoseou a apaixonada em vaca mas Juno, que lia os pensamentos do sublime adúltero, mandou do céu à terra um moscardo ciumento, incumbido de aferroar, incessantemente, a infeliz Io.
Assim, perseguida, Io fugiu para o Egipto onde Júpiter vendo-a tão desconsolada (diz a lenda que a bela vaca chorava rios de lágrimas, que juntas formariam o Nilo (!), a restituiu à forma natural, fez-lhe um filho (Epafo) e casou-se com Osiris, também adorado com o nome de Ápis. Os egípcios levantaram altares a Io debaixo do nome de Isis e exibiram nas solenidades, como seu símbolo, uma vaca errante, corrida. Ora, Isis, a vaca de Júpiter, a deusa da fecundidade teve um culto especial, precisamente, na Região Galaico-Bracária na área de Entre Douro e Minho, no Convento Bracaraugustano, concretamente, numa dependência administrativa judicial do distrito dos Límicos!
Vai ser ainda o Padre Roberto Maciel (in Almanaque Ilustrado de «O Comércio do Lima» 1908), quem nos vai ajudar a explicar a tradição da «vaca das cordas». Diz-nos o Revº Abade : A igreja Matriz da primitiva vila era um templo pagão dedicado a uma deusa, que, converteram em templo cristão a igreja, tiraram do nicho a imagem da deusa vaca, prenderam-na com cordas, com ela deram três voltas à igreja e depois arrastaram-na pelas ruas da vila, com aprazimento de todos os habitantes. Daí o tradicional costume da «vaca das cordas» pelas ruas, para gáudio do rapazio e até dos mais velhos, com tanto que se pilhem seguros bem longe da rede que os da corda costumam lançar-lhes.
Transcrito e foto de: RTAM
0 comentários:
Enviar um comentário